Mesa qualquer

Sento à mesa de bar

Numa quinta-feira qualquer

companhias vazias

Surreais

Conversas rasas

era uma vez, sentada à mesa de bar

Numa quinta-feira qualquer

Na esperança de encontrar

Quem também me procurando está

Sentada sozinha

com várias companhias

Círculo social que não me levará a nada

Vamos usufruir da boa idade

Disseram

Conversas vão e vem

Nada de proveito

Embriagada de mim

Encho-me 

Perdi o controle, neuras

eles estão vindo

Lembrei do que me trouxe aqui

ramos

conexão

À noite tem sabor

quando a vi sorrir

foi o que logo imaginei

e tinha cheiro também

assim a conheci

foi há uma semana 

meio bobo

doce

pardo

taquicardia

coração ansioso

amargo

dói

que delicia sentir

é recíproco 

ela disse sobre a dor 

ao dividí-la é fácil

sobreviver 

não carrego o fardo

não sozinho

caminho

A devoro

quero toda pra mim

ramos 

o amanhã

do amanhã o que se espera?

um som de gaita no fundo

dois dançantes no sol do meio-dia

felicidade 

do amanhã o que se espera?

uma novidade boa

uma sexta-feira à toa

é final de novembro

do amanhã o que se espera?

cheiro de colônia dos avós

familia reunida

e tudo se completa

do amanhã o que se espera?

viver, aprender, crer

a crença de viver pra aprender

fah 

lamento III

não há lugar pra ir

nem com quem contar

derramei lágrimas

senti as dores

suei, chorei

e não há ninguém por mim

eu não deveria sequer sair

não há valor aqui

não tem valor em mim

não sou o valor

me perdi tentando me encontrar

e a culpa é minha 

promessas desfeitas

o peso nos meus ombros

retalhos de papel

me falta o ar

tinha tudo

mas sempre faltou

emaranhado de nós 

ramos

lamentos II

Esse sentir anseia alguma coisa

uma mistura de dor e prazer

não é que se queira pouco viver

uma liberdade que não cabe dizer

esse sentir anseia alguma coisa

que eu não sei explicar

é como um pulsar do coração

e um calor que paira no ar

esse sentir anseia alguma coisa 

que minha pele jamais irá sentir

arrepios na nuca e conforto, enfim

esse sentir anseia alguma coisa

que não sou capaz de o fazer

um abraço, afago, abrigo 

que jamais poderei ter

ramos

sonhos perdidos

ela achava que tinha alguma salvação

uma magia por sair dali

Vive no mundo da ilusão

onde os incompreendidos estão 

amedrontou -se após um pico de coragem

deixando-se levar minunciosamente

ao cemitério dos sonhos perdidos

foi enterrada por chantagens

se um dia partisse e lhe ocorresse bem

tudo ali faria sentido

e não estaria vivendo como refém 

lamento I

Tava com ele

Senti como nunca

Uma conexão

Tava com ele feliz da vida

vivenciei pouco 

Antes da desgraça

Rogaram em mim uma maldição

Jamais amar ou ser amada

Cai de joelhos no chão

-Por que isso teve que acontecer comigo?

Os planos de Deus sempre serão os maiores

Dos males maiores os menores...

Que piada!

Paralisia

ando meio pensativa, 

por tantos dias

estive parada,

paralisada

anos passaram-se

estou com quase trinta

se essa é a idade do sucesso

por que hajo feito uma fracassada?

tantas lutas perdidas

nunca compreendida

tudo por uma raça maldita